sexta-feira, dezembro 15, 2006

SIC

É um advérbio latino, que significa literalmente assim. Está presente em muitas frases célebres da tradição ocidental, entre elas o famoso Sic transit gloria mundi ("assim passa a glória deste mundo"), palavras que são ditas (três vezes) na cerimônia de posse um novo papa, como para lembrá-lo de quão breve e vã é a glória deste mundo. Segundo alguns especialistas nas Línguas Românicas, deste advérbio teriam saído o sim do Português e o si do Espanhol.


É usado internacionalmente para indicar ao leitor que aquilo que ele acabou de ler, por errado ou estranho que pareça, é assim mesmo. Quando estou citando o texto de alguém, o sic serve para indicar ao meu leitor que eu sei que o texto original contém um erro ou que estou estranhando aquilo que ali está. Quando eu intercalo um sic no meu próprio texto, estou dizendo que é assim mesmo que eu quero que conste, por estranho ou errado que pareça. É como se eu dissesse ao leitor: "É assim mesmo como você está vendo; não foi erro de cópia ou de impressão".

Quando é um óbvio equívoco de digitação, que não se pode imaginar como erro do autor, não devemos utilizar o sic. Se encontro "um cidavão brasileiro" (por cidadão)", "no Hosdital de Clínicas" (por hospital), "Cabral avistou nossa costa no ano de 7500", trato de corrigir ao fazer a transcrição. Agora, se estou citando um autor em cujo texto aparece obsessão com SC (* obscessão, que Deus nos livre!), tenho diante de mim dois caminhos: (1) ignoro o erro do texto original e já o transcrevo da forma correta (no mundo acadêmico, isso é o que se deve fazer com os amigos), ou (2) reproduzo-o exatamente, acrescentando-lhe o sic. Neste caso, o sic funciona como um poderoso instrumento retórico, já que permite que eu estabeleça com o meu leitor uma cumplicidade superior contra o autor que estou sicando. Na verdade, estou fazendo um impiedoso comentário do tipo "olha só como esta besta escreve errado!" . Eu não quero fazer a correção: eu quero mesmo é desqualificar o argumento deste autor, mostrando que ele deve ser ignorante, já que escreve tão mal assim (é evidente que isso é falacioso, mas sempre funcionou muito bem em argumentação).

Há casos, porém, em que eu não posso fazer espontaneamente a correção, porque a natureza do item que está evidentemente errado ou que me causou estranheza não me permite arriscar uma "correção" subjetiva. Por exemplo: "Ele só tinha 34 [sic] dedos na mão direita" (o erro é óbvio, mas não sua correção: eram 3 ou 4?); "Naquele ano Jobim compôs 97 [sic] músicas de sucesso (parece um exagero; pode estar errado ou não).

Hoje, o sic já está sendo usado como uma forma de transmitir minha opinião sobre a posição de um autor ou sobre um determinado item. Por exemplo, se alguém diz "Esse foi o erro de Freud", posso citá-lo como "Esse foi o erro [sic] de Freud" - e neste caso estarei criticando a posição do autor citado, que está implícita na escolha que fez do vocábulo erro, bem como estarei marcando a minha própria posição (os mais exaltados costumam, aqui, combinar o sic com o ponto de exclamação: "Esse foi o erro [sic!] de Freud"; outros apenas usam a exclamação entre parênteses ("Esse foi o erro (!) de Freud"); outros, a interrogação ("Esse foi o erro (?) de Freud") (Ver Usos Especiais da Pontuação).

Exatamente por esse valor reprovador inerente ao sic, muitas vezes o renome, o respeito, o saber de quem está sendo citado nos obriga a usar, para avisar o leitor de que estamos conscientes da estranheza do que está escrito, de fórmulas mais prudentes e diplomáticas ( [estava assim no original], [aqui parece ter havido erro de impressão], etc.), cujo emprego mostra que estamos tentando apenas constatar um fato, sem intenção crítica ou agressiva.

O sic também é muito usado por profissionais de áreas que lidam diretamente com o público (magistrados, escrivãos, médicos, enfermeiros, etc.) e que são obrigados a registrar declarações e depoimentos. Serve para o mesmo propósito: mostrar que o registro foi fiel, mas que o autor está atento para a estranheza ou a incongruência do que está sendo dito pelo réu, pela testemunha ou pelo paciente. O curioso é que muitos deles me disseram que sic é a sigla para "Segundo Informações Colhidas"! É uma interpretação deveras engenhosa para o Português; apenas esquecem que os ingleses, os franceses, os alemães, os poloneses, até os próprios húngaros (!) (o que há com os húngaros? Leia, na seção de Artigos, Retrato Íntimo de um Idioma), usam o mesmo sic, que é um vocábulo latino, não uma abreviação.

Deve ser escrito em negrito ou itálico, entre colchetes (que é a pontuação recomendada para qualquer intromissão nossa no texto - [o grifo é meu] , [aqui foram obliteradas três linhas completas], etc. Já produziu verbo dele derivado: sicar. Ouve-se muito no mundo acadêmico: "Eu o siquei três vezes", "Ninguém tem coragem de sicar um autor deste porte". Quando um mesmo caso se repete em várias passagens de um texto, usa-se [sic passim] - "está assim por toda parte".

[sic]


Agora eu ja sei o que é! ^^

ps! post editado após comentarios XP


3 Comments:

At 11:40 AM, Blogger Lodger said...

só que no final pôs o 'sic' em letras maiúsculas. Se ele não é uma sigla (!), não deve ser escrito com as iniciais maiúsculas! XP

 
At 12:29 PM, Blogger [εïз]imprisoned butterfly said...

Huihiuhiu vc não tem jeito msm ^^ td bem eu corrijo!


=]

 
At 3:17 PM, Anonymous Anônimo said...

¬¬

 

Postar um comentário

<< Home