terça-feira, dezembro 19, 2006

Acerte tudo que puder, mas não se torture com seus erros!
Paulo Coelho

sexta-feira, dezembro 15, 2006

SIC

É um advérbio latino, que significa literalmente assim. Está presente em muitas frases célebres da tradição ocidental, entre elas o famoso Sic transit gloria mundi ("assim passa a glória deste mundo"), palavras que são ditas (três vezes) na cerimônia de posse um novo papa, como para lembrá-lo de quão breve e vã é a glória deste mundo. Segundo alguns especialistas nas Línguas Românicas, deste advérbio teriam saído o sim do Português e o si do Espanhol.


É usado internacionalmente para indicar ao leitor que aquilo que ele acabou de ler, por errado ou estranho que pareça, é assim mesmo. Quando estou citando o texto de alguém, o sic serve para indicar ao meu leitor que eu sei que o texto original contém um erro ou que estou estranhando aquilo que ali está. Quando eu intercalo um sic no meu próprio texto, estou dizendo que é assim mesmo que eu quero que conste, por estranho ou errado que pareça. É como se eu dissesse ao leitor: "É assim mesmo como você está vendo; não foi erro de cópia ou de impressão".

Quando é um óbvio equívoco de digitação, que não se pode imaginar como erro do autor, não devemos utilizar o sic. Se encontro "um cidavão brasileiro" (por cidadão)", "no Hosdital de Clínicas" (por hospital), "Cabral avistou nossa costa no ano de 7500", trato de corrigir ao fazer a transcrição. Agora, se estou citando um autor em cujo texto aparece obsessão com SC (* obscessão, que Deus nos livre!), tenho diante de mim dois caminhos: (1) ignoro o erro do texto original e já o transcrevo da forma correta (no mundo acadêmico, isso é o que se deve fazer com os amigos), ou (2) reproduzo-o exatamente, acrescentando-lhe o sic. Neste caso, o sic funciona como um poderoso instrumento retórico, já que permite que eu estabeleça com o meu leitor uma cumplicidade superior contra o autor que estou sicando. Na verdade, estou fazendo um impiedoso comentário do tipo "olha só como esta besta escreve errado!" . Eu não quero fazer a correção: eu quero mesmo é desqualificar o argumento deste autor, mostrando que ele deve ser ignorante, já que escreve tão mal assim (é evidente que isso é falacioso, mas sempre funcionou muito bem em argumentação).

Há casos, porém, em que eu não posso fazer espontaneamente a correção, porque a natureza do item que está evidentemente errado ou que me causou estranheza não me permite arriscar uma "correção" subjetiva. Por exemplo: "Ele só tinha 34 [sic] dedos na mão direita" (o erro é óbvio, mas não sua correção: eram 3 ou 4?); "Naquele ano Jobim compôs 97 [sic] músicas de sucesso (parece um exagero; pode estar errado ou não).

Hoje, o sic já está sendo usado como uma forma de transmitir minha opinião sobre a posição de um autor ou sobre um determinado item. Por exemplo, se alguém diz "Esse foi o erro de Freud", posso citá-lo como "Esse foi o erro [sic] de Freud" - e neste caso estarei criticando a posição do autor citado, que está implícita na escolha que fez do vocábulo erro, bem como estarei marcando a minha própria posição (os mais exaltados costumam, aqui, combinar o sic com o ponto de exclamação: "Esse foi o erro [sic!] de Freud"; outros apenas usam a exclamação entre parênteses ("Esse foi o erro (!) de Freud"); outros, a interrogação ("Esse foi o erro (?) de Freud") (Ver Usos Especiais da Pontuação).

Exatamente por esse valor reprovador inerente ao sic, muitas vezes o renome, o respeito, o saber de quem está sendo citado nos obriga a usar, para avisar o leitor de que estamos conscientes da estranheza do que está escrito, de fórmulas mais prudentes e diplomáticas ( [estava assim no original], [aqui parece ter havido erro de impressão], etc.), cujo emprego mostra que estamos tentando apenas constatar um fato, sem intenção crítica ou agressiva.

O sic também é muito usado por profissionais de áreas que lidam diretamente com o público (magistrados, escrivãos, médicos, enfermeiros, etc.) e que são obrigados a registrar declarações e depoimentos. Serve para o mesmo propósito: mostrar que o registro foi fiel, mas que o autor está atento para a estranheza ou a incongruência do que está sendo dito pelo réu, pela testemunha ou pelo paciente. O curioso é que muitos deles me disseram que sic é a sigla para "Segundo Informações Colhidas"! É uma interpretação deveras engenhosa para o Português; apenas esquecem que os ingleses, os franceses, os alemães, os poloneses, até os próprios húngaros (!) (o que há com os húngaros? Leia, na seção de Artigos, Retrato Íntimo de um Idioma), usam o mesmo sic, que é um vocábulo latino, não uma abreviação.

Deve ser escrito em negrito ou itálico, entre colchetes (que é a pontuação recomendada para qualquer intromissão nossa no texto - [o grifo é meu] , [aqui foram obliteradas três linhas completas], etc. Já produziu verbo dele derivado: sicar. Ouve-se muito no mundo acadêmico: "Eu o siquei três vezes", "Ninguém tem coragem de sicar um autor deste porte". Quando um mesmo caso se repete em várias passagens de um texto, usa-se [sic passim] - "está assim por toda parte".

[sic]


Agora eu ja sei o que é! ^^

ps! post editado após comentarios XP


sexta-feira, dezembro 08, 2006

Have you ever seen the rain?

Someone told me long ago
There's a calm before the storm
I know
It's been comin' for some time
When it's over, so they say
It'll rain a sunny day
I know
Shinin' down like water
I wannna know
Have you ever seen the rain?
I wanna know
Have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?
Yesterday, and days before
Sun is cold and rain is hard
I know
Been that way for all my time
'Til forever, on it goes
Through the circle, fast and slow
I know
It can't stop,
I wonder
I wanna know
Have you ever seen the rain?
I wanna know
Have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?
Yeah!
I wanna know
Have you ever seen the rain?
I wanna know
Have you ever seen the rain
Comin' down on a sunny day?

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Voo contigo

E voo contigo…
Voo contigo sem parar…
Pelas brumas do tempo,
Sem ter medo…
Pelas nuvens da vida,
Sem preocupações…
Pelos Azuis dos céus
Sem olhar para trás…
E quando voo contigo,
Sonho…
Brinco…
Riu…
Danço…
Vivo…
Como uma criança feliz…
Por saber que existes,
Por saber que me amparas,
Por saber que me aconchegas,
No teu colo…
Como um sol, que me ilumina…
E dou-te um beijo de criança,
Com muito carinho…
Daquela criança eterna,
Que está dentro de mim…
O tempo para…
Quando voo contigo…

terça-feira, dezembro 05, 2006

Eu preciso de um abraço!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Blues de Elevador

Estava completamente sem paciência de esperar o elevador. Havia aqueles moleques do 2º andar que apertavam todos os botões dos andares. Mas ainda esfolaria um deles, jurava baixinho para si mesma. Nunca teria coragem de dar se quer um beliscão, e sabia.6º ANDAR – marcava o indicador. Ela, cansada, faminta, carente – estressada, ainda tinha que carregar aqueles livros da faculdade, tão pesados àquela hora. Desejava um banho, massagem, comida na cama, um bom sexo e TV. Imaginava tudo ao mesmo tempo, enquanto olhava o marcador do elevador piscando, 5º ANDAR.“Bem que ele poderia estar dentro desse elevador, para então me pegar nos braços e me levar para casa, poderia usar e abusar...”, mas logo afastou de si esses devaneios. Sentia-se devassa. Gostava, sorria sozinha, mas logo se reprimia, pensando em outra coisa. E havia tantas coisas para pensar, tanto a estudar. Nem tocara no livro para ler sobre o assunto da prova de amanhã. Decidiu que não faria a prova. Não daria tempo de estudar tudo e não queria tirar nota baixa. Até que gostava da faculdade, mas essa coisa de morar sozinha dá um trabalho! É verdade que há a parte boa, a da liberdade. Poder trazer o namorado para dormir junto, ou as amigas para uma festinha. Mas de que adianta quando se está sempre só? Nem há um namorado para lhe fazer uns mimos; nem seu café na cama nas manhãs de domingo.Só tinha que cuidar de tudo, sozinha, cuidar da casa, das contas, e mais trabalho, faculdade... mal sobrava tempo para si mesma. Quanto mais para arranjar um namorado!“Melhor assim!!” Apertava os livros com os braços cruzados nos seios e batia o pé esquerdo no chão soltando um suspiro que lhe fechava o semblante. Enquanto não tirava os olhos do mostrador, 4º ANDAR. Agora decidira-se, chegaria em casa e não arrumaria nada. Deixaria os pratos na pia e as roupas pelo chão. Também não estudaria! Iria encher-se de sorvete com morango na frente da TV até desmaiar! Sim, pois com tanta glicose a sua hiperglicemia a mataria! “Que droga!” – deixara escapar mais um suspiro, não podia nem se distrair como outra mulher encalhada normal! Não! Não era encalhada, era independente. Isso! Mora sozinha, faz faculdade e trabalha, não precisa de nenhum homem para sustentá-la. E nem queria isso!“E esse maldito elevador que não chega logo!” 3º ANDAR.Ah! Se ela encontrasse aqueles pestinhas no elevador... De hoje não passariam! “Como os pais poderiam deixar isso acontecer?! Absurdo! Elevador não é lugar para criança brincar! Lugar de criança é no forno!”. Pensou, e assustou-se com a crueldade de sua imaginação. Por um momento, pelo choque talvez, acalmou-se. Mas, teria sido mesmo o espanto, ou a violência que a acalmara? O ser humano é mesmo cruel desde o nascimento – constatara! Vejam só as crianças brincando no elevador bem na hora que ela precisava subir para sua casa! 2º ANDAR.Cansada, faminta... Não conseguia controlar-se, assumia para si, com um choramingo até infantil, estava carente. Precisava sim de um homem. Tinha a certeza de que só estava assim, irritada, por culpa dele que não a queria. Mas nem sabia quem era ele, na verdade ele nem tinha um nome ou um rosto. Existia. Apenas não havia se revelado ainda. “Como sou doida, fico aqui imaginando um homem que nunca vi. E ainda o quero tanto!”.Sentia-se bonita, e era! Gostava da inveja que causava em suas amigas, sentia-se desejada por elas. Sorria sozinha ao lembrar de uma cena onde descobrira isso, um dia no clube. Também sabia que era inteligente, talvez ela fosse séria demais e acabasse espantando possíveis pretendentes. Mas não suportava aquelas ‘cantadas prontas’. Achava-as ridículas! E só de pensar que nem isso ela tinha ouvido ultimamente já voltava a ficar de mau humor.1º ANDAR. Pelo menos o elevador já estava chegando e ela poderia entrar em casa, jogar tudo no chão e ir para o seu banho – quase um ritual. Adorava um banho demorado, deixava o player ligado no quarto, uma música envolvente em alto volume, acendia um incenso relaxante, sentia a água quente nos cabelos, e escorrendo pelas costas. Chegava a fechar os olhos, desejando. Ah! Como seria bem melhor se estivesse acompanhada... “Não! Não seria!”.Olhou o relógio, 22:58, já havia mais de 5 minutos que esperava o bendito elevador. Impaciente, ela batia o pé esquerdo no chão fazendo um estalo periódico que acompanhava o ponteiro dos segundos. O mostrador na parede, do qual os olhos não desviavam, também piscava no mesmo ritmo, e ainda, junto com o coração, tudo em um mesmo tic-tac metódico. Enquanto ela, perdida em pensamentos distantes, começava a cantarolar instintivamente, usando a melodia para relaxar.Absorta, nem percebera o aviso no marcador: TÉRREO. Sentiu apenas a porta abrindo-se e batendo na ponta do seu pé, machucando-o. Soltou um gemido discreto de dor, mas não controlara um olhar fulminante para o seu algoz: o rapaz do 4º andar.Esqueceu-se da dor, do cansaço, da fome, do estresse. Havia tempos que não o via no prédio. Ele desculpou-se após um "boa noite" mais formal do que ela desejara. Entrou no elevador enquanto ele saía, tentava. “Não saia, venha até a minha casa!!”, ela apenas pensara enquanto, distraída, o atrapalhava de sair. –“Desculpe-me...”, ele agradeceu com um sorriso. Ela derreteu-se. Mas voltou à realidade assim que a porta do elevador bateu, com um ruído seco, próxima ao seu rosto. Apertou o seu andar enquanto maldizia aquele blues de elevador tocando. Todos os dias a mesma música, parecia de propósito para atiçá-la. A porta abriu-se novamente... Era ele, parece que esquecera algo e teria que voltar em casa. Sabia que ele também morava sozinho. Apertou o seu andar, 4º, olhou para ela com um sorriso tímido que não foi percebido. Na verdade, ela percebera sim, mas fingira não ver. Não queria demonstrar o que estava sentindo. Sua imaginação estava em freqüência máxima. Ambos olhavam em volta, os olhares cruzavam-se e divergiam envergonhados. Ou fingiam. Seguiam calados, enquanto o blues já não soava tão triste.
(Autor: M.I)
ps! Esse texto foi descaradamente copiado por mim, sem a prévia autorização do autor mas eu gostei tanto que não pude resistir.