quinta-feira, setembro 28, 2006

Todo Azul do Mar

Foi assimComo ver o mar
A primeira vez
Que meus olhos
Se viram no seu olhar
Não tive a intenção
De me apaixonar
Mera distração e já era
Momento de se gostar
Quando eu dei por mim
Nem tentei fugir
Do visgo que me prendeu
Dentro do seu olhar
Quando eu mergulhei
No azul do mar
Sabia que era amor
E vinha pra ficar
Daria pra pintar
Todo azul do céu
Dava pra encher o universo
Da vida que eu quis pra mim
Tudo que eu fiz
Foi me confessar
Escravo do seu amor
Livre pra amar
Quando eu mergulhei
Fundo nesse olhar
Fui dono do mar azul
De todo azul do mar
Foi assim como ver o mar
Foi a primeira vez que eu vi o mar
Onda azul, todo azul do mar
Daria pra beber todo azul do mar
Foi quando mergulhei no azul do mar
Onda que vem azul, todo azul do mar.

segunda-feira, setembro 25, 2006


Almejas voar mas temes ficar tonto?
By Goethe



Como dizer-te de quando não estás?Como dizer da tua ausênciaSe és sempre presençaE nunca te esqueço.Como te dizer que te penso?Como te vejo em tudo o que olhoSe estás nos meus olhosSe és os meus olhosE em tudo que vejo estás tu também
Como te dizer como te ouço?Na vozes que falamNa musica que escutoSenão ouço senão a tua voz que sussurraSe a música é música, porque tu ésComo dizer, meu amor, da saudade?Se és tão constante e presente em mim.(Encandescente .... Diz-me da tua Saudade...

sábado, setembro 23, 2006

Vento No Litoral


De tarde eu quero descansar, chegar ate a praia e ver
Se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora
Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?
Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
E quando eu vejo o mar,
Existe algo que diz,
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem
Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?
- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

terça-feira, setembro 12, 2006

"Tens o mar, navega comigo! Que estando junto não preciso de porto. Só eu, você e um bom vento, a flutuar, sem horizonte"

Blues and Drops

...ela pegou o drops esquecido na mesa ao lado da cama. Velho hábito, do outro século. A embalagem, cuidadosamente fechada. Sorriu. Quase como se estivesse inteiro. Se fosse seu, a embalagem estaria rasgada e toda aberta, simplesmente porque não conseguia fechar as coisas, sorriu colocando um dos drops na boca. Precisava mantê-la ocupada. Alma blues. Distração e densidade arrastando-se... Boca, corpo todo, pensamentos... Drops na boca, ficou ali, pensando em seu dono. Do drops. Às vezes, blues. Às vezes, hard. Ares de amo e senhor que gostava de acreditar que era seu dono, e que ela gostava de fazê-lo acreditar que era seu dono. Liberdade. Faz de conta. Ou era mesmo? Ficou ali, Mordendo. Esquartejando. Mastigando. Saboreando o drops cítrico, fruto selvagem que se espalhava na boca, generoso. Saboreando, pensando na espiral que faz a volta para mover-se novamente com mais força e pulsão. ...em espiral porque sente que há coisas difíceis de dar forma porque se recusam a serem enquadradas, a ter limites. Há o que transborda, e que talvez por isso pareça uma espiral. Espiral. Não em linha reta, como se não houvesse ontem, ou amanhã. Não em círculo, que se fecha sem saída. A espiral, leu em algum lugar, projeta-se em retornos e avanços. ... transborda. Pensa que não sabe como, nem em qual direção. Porque talvez não importe a direção, em alguns momentos. O que importa é o que se traz para dentro. Importar, do latim importare, significa trazer para dentro, prá si. ...o que não importa. Sente, ressente. Quando o outro não importa, não traz para dentro, parece que as coisas não transbordam. Arrastam-se em círculos, e de repente, parece que é a gente que se move em círculo. Mas não dá pra fazer círculo porque transborda. Sente que quando a gente se importa, traz para dentro o que de melhor vem do outro. E que passa a fazer parte nossa também. Quando a gente se importa, em relação, a gente se desloca, não importa a direção. O que importa é que a gente desloca a existência. A gente se muda. Muda a alma de casa, como diz Mario Quintana.
O drops dissolveu-se em sua boca, gostava de seu sabor... estaria virando um velho hábito?
A nona lua da espiral

quarta-feira, setembro 06, 2006

Labirintos: a vida entre os arcos


O quanto custa você ouvir a dor e a impotência na fala de quem você quer bem, uma amiga, alguém como você, que foi ¿mal vista¿, vista pela metade? Alguém que você viu tecer tantos sonhos... O quanto custa você ver o que este alguém não pode ver, porque se diz doente? O quanto custa você ver luta, sensibilidade e doçura, sangue guerreiro em alguém que se vê impotente e insensível? Que não vê sentido na vida.
O quanto custa você ver omissão no lugar da ação? Saber que não pode ouvir nada, exceto aquilo que não é. O quando custa ouvir o não dito no lugar do vazio que é dito? O quanto custa você ver vítima no lugar do humano? Ver a afirmação da sombra no lugar da vida com poesia?
O quanto custa estar no infinito, se deixar atravessar por outro mundo que só se preocupa em não se machucar, que não te penetra, nem se desloca? Sentir metade, quando se aposta em ser inteiro. Ver o aquém, sem estar além. O quanto custa você não poder explicar uma só vez aquilo que só consegue compreender. O quanto custa saber que só lhe resta calar quando gostaria de gritar?
O quanto custa enfrentar o saber asséptico, os uniformes disformes, os especialismos, os objetivismos, a lógica burra que cria um abismo entre nós e a paisagem que vislumbramos? O quanto custa deparar-se com um muro onde parece escrito em letras quadradas, desumanas, sem sangue e poesia: ¿você não pode¿? Um muro que parece nos empurrar para o vazio, querendo nos interditar vida.
O quanto custa lançar a alma no espaço por entre prisioneiros? O quanto custa ser inacabada quando a sua volta há tanto ser acabado? O quanto custa transitar em espiral num mundo em círculo? O quando custa viver num mundo que se quer dramático?
Sim, eu ontem andei entre setas, bem no meio de arcos, das vidas arcaicas, metódicas, assépticas. Não diversas. Nem inversas. Tampouco subversas. Perversas! Desesperadas...
Só serviu pra afinar meu tom...Isso! O custo..., ele pode ser bem menos. Bem menor. Quando tudo que se tem de mais importante são os sonhos e a cultivo da liberdade. Quando se ama a vida, sabendo que ela se faz em labirinto. Sabendo que ela se tece entre acasos e apostas, com um tanto de dor e outro de festa. Que seu palco é experimental...
Desde que se aprenda a encenar a vida, no cotidiano... com liberdade prá escolher seu melhor papel a cada instante...
Um momento professora, outro amiga... médica, psicanalista, amante, companheira, advogada, escritora, confidente, mulher... Mas antes de tudo, alma livre pra ser o que quiser, pra o que der e vier...

terça-feira, setembro 05, 2006

... porque é preciso encarar a guarda


Por detrás do vidro fosco, vejo as árvores, parecem de mentira. Mera ilusão. Não vejo mais o mar, sóis e luas. Apenas concretos sem que meu olhar possa atravessá-los. Apenas a tela sem que eu possa pintá-la. Apenas túneis sombrios, em linha reta, sem fios, sem elos, sem ligação. Nada de nós. Uma voz grita para simplesmente deixar. Deixe estar. Mas me vejo ontem, a coisa mais fácil é errar. Uma lágrima, uma dor, um pedido. Difícil aprender, concretos não perdoam, fazem caminhos foscos. Se repetem, em eternos retornos. Sentidos de vida? Quase nenhum, nenhum, o mundo escurece. A história presa nas mãos, no corpo, na voz .... deixa apenas um anúncio, se pelo menos a chuva caísse forte e fizesse tudo explodir, e levasse este tudo em sua enxurrada. Mas não há tempo de espera. A poesia se perde em meio a tanta prisão. Como fazer chover, encarar a guarda, como Dorival? Reivindicar o direito de tomar banho, banho de vida humana, sem cativeiro. Desejo nunca se perde. Adormece. Disfarça. Descansa. Abriga-se no corpo, nas mãos. Alimenta. E estilhaça tudo que é fosco

domingo, setembro 03, 2006


Ela tem uma graça de pantera no andar bem comportado de menina no molejo em que vem sempre se espera que de repente ela lhe salte em cima

Mistério


MISTÉRIO
Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,Dizendo coisas que ninguém entende! Da tua cantilena se desprende Um sonho de magia e de pecados.
Dos teus pálidos dedos delicadosUma alada canção palpita e ascende,Frases que a nossa boca não aprendeMurmúrios por caminhos desolados.
Pelo meu rosto branco, sempre frio,Fazes passar o lúgubre arrepioDas sensações estranhas, dolorosas...
Talvez um dia entenda o teu mistério... Quando, inerte, na paz do cemitério,O meu corpo matar a fome às rosas
!

Explicação

Só isso: trouxeste sol e calor quando fazia frio... Agora, de novo alguém para se querer para se chamar de querida.
Só isso: trouxeste uma flor e fizeste crescer e desabrochar neste ramo vazio que era minha vida.